Treino para Ultramaratona, será que consigo?!


Mas porque correr uma ultra?

Na verdade tudo começou quando corri pela primeira vez o Xterra Night Run 18k de Ilhabela. Foi amor a primeira vista! Ao cruzar o pórtico de chegada, comemorando esta belíssima prova junto aos amigos, cito que ano que vem será 50k!

Assim surgiu o desejo de correr não uma ultra, mas sim os 50k do Xterra de Ilhabela!

Dois anos se passaram e mais uma vez o sonho de fazer os 50k do Xterra parecia distante
, pois somado os valores de inscrição, hospedagem, combustível, alimentação, equipamentos e kit sobrevivência ficariam em mais de mil reais, o que seriam inviáveis neste momento em que esperávamos o nascimento do nosso segundo filho.

Então, eis que minha “tia aventureira” e única da família a correr diversas vezes a São Silvestre soube de meu sonho em correr esta prova e me oferece um “patrocínio” como forma de incentivo! Isto me surpreendeu, pois imaginem a cena... “eu, 35 anos, casado, um filho de 4 anos e à espera de outro” sendo incentivado pela tia?! rs...

Bom, agora era se planejar e fazer as contas.
Condições atuais:
- Faltando pouco mais de 2 meses para a prova;
- Últimos 12 meses com treinos fracos (média de 60km/mês);
- Precisava adquirir um tênis adequado e mochila de hidratação;
- Comprar os itens do kit sobrevivência e arcar com os demais gastos da viagem e alimentação/suplementação.

Depois de desistir, mesmo com a ajuda inesperada, eu não conseguia dormir direito, deixar passar mais um ano e uma oportunidade desta, eu não conseguia aceitar. Então deixei a “razão” de lado e decidi ouvir o “coração”.

Cortei tudo que era possível (tênis “trail”, mochila de hidratação entre outros). Correr com tênis de asfalto (sola lisa) e tudo “comprimido” na pochete e no cinto de hidratação com uma garrafinha a menos era a solução.

Mas como correr uma prova dessas, onde todas as recomendações que encontrei na internet mencionava pelo menos 6 meses de treinos específicos se tiver bem condicionado e treinado (que não era minha situação), ou 1 ano para uma boa preparação?!

Assim, mesmo sem treinador, sem nutricionista, sem experiência, ou seja, sem nenhuma certeza, montei uma planilha de treinos maluca, onde eu iria saltar dos “acomodados” 60km/mensais para cerca de 300km/mensais nos próximos 2 meses. A missão era “tudo ou nada”!

Vejam bem, não recomendo isto à ninguém, eu apenas queria muito fazer esta prova e a única forma de saber se eu conseguiria concluir os 50k era forçar ao máximo, para saber se eu tinha o mínimo de condições para tal.

Assumi o risco, sabendo que se sentisse dores ou indícios de lesão, teria que parar e abortar meus planos de fazer esta prova!

Planilha pronta, vamos aos treinos...

Mas, como fazer treinos longos sem tempo? Simples... Querer é poder!

Trabalhar o dia todo, chegar em casa, jantar, brincar com o filho, por vezes até assistir um filme com a esposa e depois sair para treinar! Que horas? Bom... 23h, 24h e por aí vai! Retornar uma ou duas da manhã era normal, bem como ir dormir as 23:30h e levantar as 3 da manhã para treinar até as 8h e preparar as coisas para passar o dia das mães com a família também ocorreu!

Assim, foram os treinos, sob sol ou chuva, infinitas voltas na mesma avenida, rodar por toda a zona norte de São Paulo, correr por mais de 3 parques diferentes e somente 3 ou 4 treinos que ultrapassaram os 30k.

O repentino aumento de kilometragem dos treinos (5 x mais) que poderia me levar a lesões, não ocorreu. Ufa!

Porém no auge dos treinos longos e faltando cerca de 2 semanas para a prova, meu corpo sentiu. Provavelmente já debilitado e com baixa imunidade, foi só haver uma pequena mudança no clima e eu fiquei resfriado.

Então, o processo de diminuição “gradativa” da km, foi dos 36k ao “zero” de uma só vez! Isso mesmo! Preferi parar totalmente nas duas últimas semanas a fim de me recuperar. Mas apesar de poucos sintomas, a tosse com catarro permaneceu até 1 dias antes da prova, no entanto ainda sentia dores no corpo.

Como a noite anterior à prova eu já sabia que dormiria mal, devido à viagem de SP à Ilhabela, sabia que teria que dormir muito bem há 2 dias para a prova (onde dizem ser o momento que não podemos abrir mão de uma boa noite de sono/descanso). Porém, nesta mesma semana, minha esposa começa a sentir fortes dores e exatamente há dois dias para a prova, a ida ao hospital foi inevitável e assim, passamos a noite lá.

Passado o susto, no dia seguinte pegamos a estrada e como previsto, chegamos já de madrugada na terra maravilhosa.

No dia da prova, vou de manhã retirar o kit (número de peito, chip e camiseta) e fico sabendo que precisaria apresentar o kit obrigatório neste momento. Volto correndo à pousada para pegar o necessário e ao retornar meu colega pergunta: e a garrafa de hidratação? &*%¨#$@! rs... Neste momento aparece um amigo dele que me empresta uma, apenas para passar pela vistoria.

Pronto, volto para a pousada e ao preparar minhas coisas e a bolsa que eu deixaria no “Special Needs”, me pergunto... mas para quem e quando vou entregar isto??? Aff... Sem conseguir tal informação e sem tempo hábil para voltar e verificar, deixo para resolver momentos antes de ir para a largada. Ao passar no local de retirada do kit, fico sabendo que não haverá Special Needs para esta prova. Como assim?!!!

Certo! Minha programação de hidratação, alimentação, suplementação e troca de tênis vai por água abaixo! Agora é “socar” tudo que podia na pochete, trocar de tênis, recolocar o chip e correr para a largada!

HAAAAAJA CORAÇÃO!!! 

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